Schnitzer previra que, livres de sombras e estrangulamento das videiras, as árvores cresceriam mais vigorosamente. Como as árvores sustentam suas copas com troncos robustos e ricos em carbono que as cipós não precisam, Schnitzer levantou a hipótese de que a selva sem vinhas poderia conter muito mais carbono do que a floresta de controle. Após três anos, um recenseamento confirmou isso. Os troncos podados tinham absorvido 75% mais carbono por ano do que as áreas de controle onde as cipós e outras vinhas podiam crescer livremente. “Foi impressionante”, diz Schnitzer.
Numa resposta ao artigo de Schnitzer que relatava estas descobertas, Hans Verbeeck, biólogo da Universidade de Ghent, na Bélgica, escreveu num número posterior do Proceedings of the National Academy of Sciences que “a proliferação de cipós tem um potencial alto impacto no futuro ciclo de carbono das florestas tropicais”. Ele pediu que os pesquisadores climáticos incluíssem a prevalência mutável das cipós nos futuros modelos climáticos, uma tarefa que ele mesmo começou.
Apesar de evidências sólidas de que a videira se tornou mais comum, Schnitzer diz que não tem certeza se a proliferação da videira continuará a aumentar nas florestas tropicais do mundo. Uma previsão exigiria uma explicação – até agora inexistente – para o que está por trás do aumento das vinhas que ele e outros têm observado. Schnitzer suspeita que um dos culpados pode ser o aumento da frequência de queda de árvores e da mortalidade devido a mudanças como o aumento da intensidade da tempestade. Alguns cientistas acreditam que o aumento do CO2 na atmosfera pode favorecer as cipós sobre as árvores. Mas pelo menos um estudo, de David Marvin, ecologista da The Nature Conservancy e ex-aluno de Schnitzer, sugere o contrário. Marvin criou mudas de árvores e cipós juntos em câmaras com ar contendo o dobro da concentração normal de CO2. As cipós cresceram mais rápido que os controles – mas as árvores também cresceram. Não havia praticamente nenhuma diferença. Contudo, a experiência testou apenas um pequeno número de espécies e durou menos de um ano. Um teste mais longo, com um grupo maior de variedades, poderia ter sido diferente.
A parcela de 125 acres de Schnitzer contém tantas cipós que, após o recenseamento ser completado, ele deveria ser capaz de determinar quais espécies particulares são mais responsáveis pelo aumento observado na biomassa de cipó. Então, ele planeja investigar quais características dão a essas videiras sua vantagem. Mas mesmo com as suas experiências, diz ele, fazer tais determinações é difícil. Nas florestas tropicais, a enorme diversidade de espécies e a variação ilimitada de como elas interagem podem frustrar até mesmo os experimentos científicos mais robustos.
E se o seu estudo vier de mãos vazias?
“Teremos o não encontro mais rigoroso da história ecológica”, responde ele.