Este texto foi originalmente publicado em 28 de Setembro de 2019

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“O Príncipe da Canção” faleceu no sábado, 28 de Setembro, aos 71 anos de idade. A estátua de José José, um dos mais importantes cantores populares mexicanos dos últimos tempos, está há vários anos no Parque de la China, no bairro de Clavería, na Cidade do México.

José José, cujo verdadeiro nome é José Rómulo Sosa Ortiz, nasceu neste bairro da DelegaciónAzcapotzalco a 17 de Fevereiro de 1948 e lá passou toda a sua infância.

Filho de um famoso tenor da ópera e pianista de concerto, José José José sentia-se mais atraído pela música popular, como o bolero, que ia contra quase todo o seu ambiente familiar, onde havia um grande número de músicos.

Aos 15 anos, José formou seu primeiro trio com seu primo e um amigo com quem tocou serenatas, e aos 17 gravou seu primeiro álbum profissional para a rádio Orfeón, que também tinha um programa de televisão no qual estreou sem muito sucesso.

Meses depois, começou a tocar contrabaixo em uma banda de jazz e se apresentou em discotecas.Foi nessa altura que conheceu o produtor musical Rubén Fuentes, que lhe ofereceu um contrato para gravar um álbum, que foi lançado em 1969 pela RCA Victor.

Fuentes em pessoa, juntamente com outro importante músico mexicano, o Yucatecan Armando Manzanero, produziu o álbum, que continha canções que mais tarde se tornaram clássicos, como “Pero te Extraño” (do próprio Manzanero) e “Cuidado”, que dá nome ao álbum. Foi aí que ele começou a usar seu nome artístico: José José.

Mas o sucesso não veio com esse álbum, mas com outro álbum que ele gravou no ano seguinte (1970) que incluiu a canção “La Nave del Olvido”, que imediatamente se tornou um sucesso de rádio e vendas, catapultando sua carreira e tornando-o um favorito do público devido à sua aparência jovem, um pouco tímida, mas que contrastava com uma voz poderosa e entoada que desenhava alguns tons de cantor de ópera.

Já um artista conhecido no México, participou do Segundo Festival de la Canción Latina 1970 (que muitos confundem com o Festival OTI, que começou alguns anos depois), onde cativou o público do continente que assistiu a esse concurso na TV.

Na final internacional desse festival, que teve lugar no Teatro Ferrocarrilero (na zona de Tlatelolco, na Cidade do México), José José, com a sua interpretação da canção “El Triste”, tornou-se o favorito do público; contudo, numa decisão controversa do júri, o mexicano ficou em terceiro lugar.

José José foi definitivamente o “campeão não-coroado” desse concurso. No vídeo de sua apresentação de 15 de março de 1970, que é um clássico de sua carreira, você pode ver como as pessoas jogavam flores no palco e como figuras consagradas da música como Marco Antonio Muñiz e Alberto Vázquez admiraram sua apresentação, que terminou com uma ovação de pé do público que raramente foi vista na história da música popular mexicana.

Durante os anos 70, como resultado da sua fama, aventurou-se no cinema com actuações ao lado de figuras como Verónica Castro e Sasha Montenegro que não tinham mais do que um valor anedótico.

O que é memorável nessa década é a sua ascensão à fama e como ele permaneceu no topo do seu jogo por vários anos, mesmo tendo que mudar de gravadoras e enfrentar executivos que o viam como demasiado clássico para uma época em que novos géneros, como a música disco, estavam a fazer incursões.

Naquela década trabalhou com compositores como Camilo Sesto, Juan Gabriel e Rafael Pérez Botija, lançando êxitos lendários que permanecem até hoje na memória colectiva, como “Gavilán o Paloma”, “El Amar y El Querer”, “Volcán”, “Lo Pasado, Pasado”, “Almohada” e “Si Me Dejas Ahora”.

Mas naquela década, a fama também lhe trouxe problemas sentimentais e de saúde.

Em 1971, quando sua carreira estava decolando, ele se casou com a atriz Natalia “Kiki” Herrera Calles, neta do Presidente Plutarco Elías Calles e que era 22 anos mais velha que ele. Ela o apresentou ao mundo da alta sociedade que freqüentava, onde José José, apesar de seu sucesso, não era bem aceito. A relação tornou-se difícil e separaram-se em 1973 em meio a sérios problemas.

Embora ainda desempregados, José José José conheceu Ana Elena Noreña, modelo e atriz cujo nome artístico era Anel, e depois de uma tórrida relação casaram em 1976, um ano depois de se tornarem pais de seu primeiro filho, agora cantor e ator José Joel. Marysol Estrella também nasceu para este casal.

Nessa época, ela também sofria de pneumonia que danificou permanentemente um de seus pulmões, afetando sua voz e prejudicando sua saúde geral. Mas a doença mais grave que começou a sofrer nessa mesma década foi o alcoolismo, impulsionado pela sua rápida ascensão à fama e pelo círculo social em que estava envolvido.

José José chegou nos anos 80 como uma das mais importantes estrelas mexicanas do mundo, mas em 1983 gravou em Espanha o álbum que é o mais vendido da sua carreira e um dos mais bem sucedidos na história da música em língua espanhola: “Secretos”.

Esse álbum colocou várias músicas no topo das paradas musicais espanholas durante várias semanas, como “Lo Dudo”, “El Amor Acaba”, “Lágrimas”, “He Renunciado a Ti”, “A Esa”, “Voy a Llenarte Toda” e outras que hoje parecem politicamente incorretas, como “Esta Noche te Voy a Estrenar”.

Nesses anos, José José José actuou com grande sucesso em palcos como o Auditório Nacional, numa altura em que os concertos de massas não eram muito comuns no México, e o que se utilizava eram actuações em discotecas, como o El Patio, onde teve várias temporadas.

Mas em meados dos anos 80, José José já se apresentava em locais como Madison Square Garden ou Radio City Music Hall, assim como em Las Vegas ou em lugares distantes onde a sua música tinha chegado, como a Arábia Saudita.

Também naquela década voltou ao cinema, primeiro com o filme autobiográfico “Gavilán o Paloma”, cuja estréia estava prevista para a noite de 19 de setembro de 1985, mas teve que ser adiada depois que a manhã daquele dia foi registrada o terremoto que afetou gravemente o Centro Histórico e outras áreas da Cidade do México. Anos mais tarde ele também estrelou o filme “Sabor a Mí”, que narrou a vida do compositor mexicano Álvaro Carrillo.

Televisão também foi importante para o cantor, e suas aparições em shows de variedades musicais, como “Siempre en Domingo”, também foram constantes ao longo de sua carreira, mas especialmente nos anos 80. Na época em que o rock e pop espanhol eram muito populares no México, ele conseguiu colocar a música “Piel de Azúcar” em discotecas e festas juvenis.

Como por sua saúde, também nesta década ele teve um problema com o alcoolismo e se submeteu a operações em suas cordas vocais, que também foram danificadas pelo uso de medicamentos para o estresse e falta de descanso. O cantor revelou que também tinha de ter uma perna protética colocada e que considerava suicídio quando começou a ter problemas com a voz.

Nos anos 90 começou a celebrar os seus 25 anos de carreira e, embora o seu sucesso fosse mais discreto, conseguiu colocar nas tabelas outra canção que é agora um clássico: “40y 20”.

Nesta década, os seus problemas de saúde eram mais evidentes na sua voz e foi relatado que ele sofreu uma recaída no alcoolismo. Na sua vida privada, divorciou-se do Anel em meio a conflitos financeiros e familiares. Em 1995, casou-se pela terceira vez, agora com a cubana Sarita Salazar, de Miami, com quem teve sua terceira filha, também chamada Sarita.

Em 1998, várias bandas e artistas de rock e pop, como Maldita Vecindad, Molotov, Julieta Venegas, Aleks Syntek, Café Tacvba e El Gran Silencio, gravaram um álbum tributo com novas versões dos sucessos de José José.

Este álbum, que foi acompanhado por um programa transmitido na MTV, recolocou as canções de José José José no público jovem, sendo a faixa mais popular “Gavilán o Paloma”, interpretada por La Lupita.

Agora no século XXI, JoséJosé continuou a gravar álbuns e relançar os seus clássicos, enquanto em vários locais recebeu elogios que vão desde estrelas em passeios de fama até aos Prémios Grammy. Ele também teve um papel na novela “La Fea MásBella”, ao lado de Angélica Vale, Angélica María e Jaime Camil.

Nos últimos anos, a sua saúde começou a deteriorar-se mais rapidamente. Ele sofria de enfisema, sua fala tornou-se mais difícil, ele tinha paralisia facial, sofria de depressão, foi diagnosticado com retinopatia diabética em seu olho e foi diagnosticado com outras doenças.

Mas a preocupação de seus fãs com sua saúde aumentou quando, em março de 2017, ele relatou em um vídeo que estava sofrendo de câncer pancreático. Desde então, ele foi hospitalizado várias vezes.

A sua última aparição pública foi em 7 de novembro de 2017, durante a cerimônia de posse do Hall da Fama do Futebol Mexicano em Pachuca, onde uma homenagem foi feita a ele e ele mesmo apresentou o seu filho, José Joel, que interpretou “El Triste”.

Em fevereiro de 2018, JoséJosé foi internado no hospital, do qual saiu no dia 7 daquele mês para ser levado de avião para Miami a bordo de uma ambulância aérea para encontrar sua esposa, Sara Salazar, e sua filha Sarita, que notaram que não o viam desde que a cantora começou seu tratamento.

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Curiosidades del Príncipede de la Canción

– Seu primeiro nome artístico foi José Sosa, que ele mudou para José José José quando gravou seu primeiro álbum. Ele combinou seu primeiro nome e o de seu pai, José Sosa Esquivel, que morreu em 1968 por complicações do alcoolismo.

– José José José é um dos artistas mexicanos que mais vendeu discos na história, com 100 milhões de unidades. Seu álbum de maior sucesso foi “Secretos”, lançado em 1983, que vendeu 2 milhões de cópias nas primeiras semanas em que foi lançado, mas até hoje já vendeu mais de 20 milhões. Na altura, ganhou 22 discos de ouro e platina.

– O apelido “Príncipede la Canción” foi-lhe dado até 1976, quando lançou o seu décimo álbum chamado “El Príncipe” e no qual interpretou uma canção com o mesmo nome.

– O logótipo do nome de José José José que aparece na maioria dos seus álbuns é feito com uma fonte chamada “Broadway”.

– Em Janeiro, a rede Telemundo apresentou uma série biográfica de José José José na qual ele próprio esteve envolvido com os escritores para a criar.

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Carlos Tomasini jornalista freelancer, contribui para vários meios de comunicação impressos e electrónicos.

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