Bens públicos
Economistas têm procurado fornecer critérios objetivos para os gastos públicos através da chamada teoria dos bens públicos. É geralmente reconhecido que alguns bens necessários ao público não podem ser fornecidos através do mercado privado. Os faróis são um exemplo clássico. Os custos de um farol são tais que nenhum armador vai querer financiá-lo; por outro lado, se um farol é fornecido para um armador, ele pode ser colocado à disposição de todos sem custos adicionais. De facto, deve estar disponível para todos, uma vez que não existe nenhum meio prático de excluir os navios da utilização das instalações fornecidas pelo farol, mesmo que os seus proprietários se tenham recusado a pagar por ele. A única forma prática de prestar tais serviços é através de uma acção colectiva.
Para que os bens sejam fornecidos desta forma, e não através do mercado privado, é imediatamente necessário enfrentar os problemas gêmeos de decidir quanto fornecer e quem deve pagar por essa provisão. Mesmo se todos os indivíduos quisessem o serviço igualmente – talvez com faróis – a sua visão sobre a extensão do serviço seria influenciada pela alocação dos custos. Onde diferentes famílias podem ter preferências diferentes e alguns podem não querer o serviço em tudo – como, por exemplo, com a defesa por armas nucleares – estas dificuldades são agravadas. Os economistas tentaram conceber esquemas de votação abstratos que conciliassem essas dificuldades, mas estes parecem ter pouca aplicação prática.
Mais ainda, outros desafiariam toda essa abordagem do problema. Seria absurdo dizer que o consumidor tem um gosto pela defesa nacional e que cabe ao governo satisfazê-lo. A tarefa dos líderes nacionais é desenvolver uma política de defesa e persuadir o público a aceitá-la. Da mesma forma, os conservacionistas devem tentar despertar o público para a importância dos parques e da vida selvagem. No contexto da política pública, a alocação eficiente de recursos não consiste apenas na distribuição de fundos na busca de determinados objetivos, mas também na determinação dos próprios objetivos.
Bens públicos genuínos colocam sérios problemas para o orçamento nacional; é muito difícil decidir até que ponto determinados bens – as artes, os parques nacionais, até mesmo a defesa – devem ser fornecidos, e, portanto, nenhum procedimento formal de determinação é passível de evoluir. O que deve ser dado a cada um continuará a ser objeto de intenso debate político, com mudanças na alocação à medida que o governo muda.